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Escrita e IA: entre o deslumbre, o desconforto e o letramento necessário

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    “Outro dia ficou fora do ar e eu me perguntei como trabalhar…”
    “Já não sei mais ficar sem…”
    “Tenho feito até roteiro de viagem e aula de inglês com IA.”

    Essas frases, ditas por profissionais de diferentes áreas, mostram como a inteligência artificial entrou no nosso cotidiano sem pedir licença. E, para quem trabalha com comunicação escrita, a presença da IA generativa — como ChatGPT, Gemini e tantas outras — é cada vez mais inevitável. O que muda é o grau de familiaridade, o tipo de uso e, sobretudo, a consciência sobre os impactos disso tudo na forma como escrevemos e pensamos os textos.

    Há quem se deslumbre. Há quem resista. E há quem use escondido, com medo do julgamento alheio ou de parecer substituível. Dados recentes da Microsoft e do LinkedIn indicam que 3 em cada 4 profissionais já usam IA no dia a dia. Mas muitos têm receio de assumir isso — talvez por medo da banalização, da superficialidade ou da perda de valor do trabalho intelectual.

    Esse receio não é infundado. Afinal, não é difícil perceber quando um texto foi gerado com pressa, com prompts genéricos, quase sem envolvimento. Textos que parecem ter sido produzidos por alguém que entregou a tarefa para a máquina e seguiu adiante. Por outro lado, também já vimos textos brilhantes, criativos, que só foram possíveis porque houve uma colaboração inteligente entre humano e IA: alguém soube dar contexto, revisar, aprofundar, refinar. E, principalmente, soube fazer perguntas melhores.

    É por isso que, mais do que aprender a usar IA, precisamos aprender a falar sobre IA. A compreender seus limites, seus vieses, seus modos de funcionamento. No Brasil, esse desafio é ainda maior. Somos grandes consumidores de conteúdo digital, mas ainda temos baixo letramento sobre o que isso significa. Ocupamos o segundo lugar no ranking mundial de tempo de tela e o último lugar entre os países da OCDE na capacidade de identificar conteúdos falsos. Isso diz muito sobre como acessamos, interpretamos e compartilhamos informações.

    Letramento em Inteligência Artificial

    Diante de uma tecnologia que já molda decisões, discursos e estratégias, o letramento em IA não pode ser opcional. Como disse Carla Zotini em uma de suas palestras, não teremos a opção de viver em um mundo com ou sem IA — assim como não escolhemos se uma cirurgia será feita com ou sem anestesia. A escolha real é entre nos apropriarmos dessa linguagem, ou sermos conduzidos por ela sem saber como ou por quê.

    No campo da comunicação escrita, essa escolha se traduz em novas perguntas: o que é um bom prompt? Como preservar a autenticidade e a adequação em textos criados com apoio da IA? Como equilibrar eficiência com senso crítico? Como escrever — ou revisar, ou reescrever — sem perder a nossa voz?

    A escrita nunca foi neutra. E agora, mais do que nunca, exige intenção. Saber se comunicar com IA, e sobre ela, será uma das competências mais valorizadas daqui em diante — não só para manter relevância profissional, mas para seguir pensando com profundidade num mundo cada vez mais acelerado.

    É sobre isso que vamos conversar no curso “Escrita e IA: novas formas de criar, pensar e comunicar”, na Aberje. Um espaço para quem quer refletir, experimentar e escrever com mais consciência — mesmo em tempos de máquina.

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