Como o medo organizacional impacta a comunicação interna e o papel da liderança

Muito escutamos a narrativa de que “tem que aprender a jogar o jogo” para sobreviver no ambiente de trabalho. Os jogos políticos fazem parte das dinâmicas e estruturas de poder nas organizações e se sustentam por diversas razões que, de acordo com Goldstein e Read (2009), tem a ver com manter o tão falado comando e controle, ter visibilidade, se proteger, dentre outros ganhos.
Medo da crítica ou da marginalização, ao ficar “fora” de tais jogos, também é uma explicação para que as dinâmicas sigam funcionando, afinal “as pessoas receiam que, se explicitarem os jogos e pedirem às outras para pararem de jogar, acabarão por ficar com reputações que em nada ajudarão sua ascensão na empresa” (GOLDSTEIN; READ; 2009, p.84).
Para ilustrar como os jogos funcionam, trago como exemplo, com base em Goldstein e Read (2009, p. 167), o jogo “mate o portador” cuja dinâmica “transmite a mensagem de que o/a CEO não quer ouvir más notícias” e que, ao ouvi-las, demonstra contrariedade ao mensageiro das mesmas, podendo falar mal ou agir contra este interlocutor posteriormente. Na prática vemos que os “mensageiros” – movidos pelo medo destes impactos – entram nesse jogo, amenizando, filtrando ou, até mesmo, não levando as notícias negativas, a fim de evitar conflitos, mal-estar, críticas, exclusão. Como consequência, a liderança deixa de receber a informação tal como ela é, o que pode gerar falhas, decisões erradas, perda de inovação, danos à reputação etc.
Nessa mesma direção, em seus estudos sobre Segurança Psicológica, Amy Edmondson (2020) fala sobre as falhas e comportamentos que a cultura do medo pode gerar, como por exemplo, a busca por agradar os altos executivos com boas notícias em detrimento de apresentar dados de realidade que possam evitar riscos e/ou decisões equivocadas. Segundo a autora, a partir de seus estudos, “um banho de realidade teria exigido que os gerentes (…) colocassem seus medos de lado e falassem francamente um com o outro” (EDMONDSON, 2020, p.67 e 68).
Vivemos um contexto complexo, controverso e imprevisível em que, ao mesmo tempo, se busca ambientes mais justos, saudáveis e dialógicos nas organizações. Nesse sentido, levando em consideração o que refletimos até aqui, como podemos contribuir – enquanto profissionais de comunicação – para desconstruir essa lógica dos jogos políticos rumo a diálogos mais abertos, horizontais e francos?
Este é um dos temas da aula “Medo organizacional & humanização da Comunicação por meio da liderança”, no Curso Completo de Comunicação Interna. Ali vamos discutir as transformações contemporâneas, seus efeitos no trabalho, na comunicação, bem como caminhos para fomentar diálogos abertos e francos, a partir de um ambiente seguro.
Referências:
EDMONDSON, Amy C. A organização sem medo: criando segurança psicológica no local de trabalho para aprendizado, inovação e crescimento. São Paulo: Alta Books, 2020.
GOLDSTEIN, Maurício; READ, Philip. Jogos políticos nas empresas: como compreender e transformar relações e organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
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