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Otimização na gestão de Comunicação Interna: é preciso “organizar a casa” para evoluir

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    É indiscutível o espaço que a Comunicação Interna tem conquistado nas organizações nos últimos anos. Isso tem ampliado a oportunidade de atuação do profissional de CI para além do âmbito tático, proporcionando avanços crescentes em contribuições mais estratégicas e consultivas.

    Esse movimento, também potencializado pela pandemia, gerou um aumento ainda maior de demandas e expectativas junto à Comunicação com Empregados que tem sido cada vez mais percebida como uma função relevante de apoio às dinâmicas e desafios organizacionais.

    Comunicação Interna sem “pastelaria”

    No imaginário dos profissionais da área, as analogias da tal “pastelaria” e do “apagar incêndio” sempre existiram e foram normalizadas como forma de os profissionais de CI expressarem uma percepção de desorganização e excesso de demandas no dia a dia da área.

    Somado à demanda crescente e aos novos patamares de atuação conquistados, é possível observar o quanto este imaginário tem saído da sombra e os profissionais da área tem tomado cada vez mais consciência desta condição.

    Na pesquisa da Aberje e Ação Integrada divulgada em 2024, por exemplo, quem atua em CI reconhece a necessidade de “padronizar e trazer rotina”, de “organizar a casa” e de “gerenciar o excesso de informação”.

    Os dados da pesquisa apontam para essa mesma direção ao indicar que em termos de tempo investido pelo comunicador, temos: 56% do tempo dedicado à produção de conteúdo para canais, campanhas e comunicados / campanhas para áreas clientes e apenas 24% dedicado a planejamento, mensuração e apoio à comunicação da liderança.

    Em outros contextos, já sublinhei que a máxima de que Comunicação Interna é “pastelaria” nunca me caiu bem. Apesar de já ter vivenciado essa dinâmica e compreender a dor por trás da metáfora, talvez minha resistência esteja no fato de que sempre acreditei que precisamos transcender o “status quo” e desconstruir essa narrativa, a partir, logicamente, de ações concretas.

    Caminhos para melhorar a gestão da CI

    Em sala de aula, tenho compartilhado com alunos e, no dia a dia, com clientes, alguns possíveis caminhos de atuação que podem impulsionar melhorias na gestão da CI:

    • Ancorar o planejamento da Comunicação Interna no planejamento estratégico da organização, derivando objetivos estratégicos de CI de objetivos estratégicos da empresa e/ou de diagnósticos que sejam relevantes para a organização, colegiando tais prioridades com a liderança executiva
    • Desenhar uma diretriz de comunicação que defina papéis e responsabilidades da comunicação interna e dos agentes relevantes neste ecossistema (RH, liderança executiva, média liderança, influenciadores, áreas internas que geram demanda, etc.)
    • Redesenhar processos, formas de trabalhar, fluxo, matrizes de atuação que otimizem/simplifiquem o dia a dia da gestão, impulsionando eficiência e melhoria contínua
    • Conscientizar a organização a respeito desta governança de modo a assegurar transparência, aderência e consciência a respeito de como a área funciona, contribuindo para reduzir atravessamentos de última hora e a manutenção das prioridades estratégicas.

    Essa otimização da gestão pode contribuir para melhorar a gestão do tempo, dos recursos, minimizar a infoxicação, organizar a rotina e liberar tempo para focar em aspectos da CI que contribuem para uma atuação estratégica e relevante para as pessoas e para o negócio.

    Desafios da Comunicação Interna

    Mas a pergunta que não quer calar: por que parece tão desafiador “organizar a casa”?

    A resposta mais óbvia, nem por isso menos legítima, seria porque talvez não se saiba como fazer isso no dia a dia. É uma competência a ser desenvolvida pelo profissional de CI que implica, dentre outros aspectos, ampliar repertório em planejamento, otimizar processos/formas de trabalhar e buscar melhoria contínua.

    Mas me arrisco a trazer uma outra barreira neste avanço por uma gestão mais otimizada. Talvez uma questão mais sutil e oculta: é fato que essa otimização minimiza nosso enfoque numa atuação tática e possibilita liberar tempo para uma atuação mais estratégica. Os profissionais estão abertos e disponíveis para isso?

    Atuar e focar nos entregáveis táticos parece ser uma zona de conforto na qual se sabe navegar. Tais entregáveis trouxeram o profissional de CI até o patamar atual e, de alguma forma, legitimaram sua relevância e possibilitaram seu reconhecimento. Navegar para além disso pode trazer medos e insegurança.

    Competências do profissional de CI

    Os novos tempos incertos, ambíguos e dinâmicos demandam do profissional de CI uma atuação mais completa, em termos de abrangência e complexidade, a exemplo do que se tem como áreas de competência no Mapa da Profissão de CI:

    • Planejamento estratégico
    • Influenciar e aconselhar
    • Pesquisa, indicadores e resultados
    • Transformação organizacional
    • Narrativas & diálogo
    • Gestão de canais, conteúdos e campanhas

    Se os dados mostram que 56% do tempo dos profissionais de CI está dedicado a apenas  UMA dessas áreas de competência (gestão de canais, conteúdos e campanhas), o desequilíbrio está claro.

    Para abarcar as demais áreas de competências e evoluir a atuação de CI, é necessário arrumar a casa, otimizar a gestão e investir tempo nas demais competências.

    É momento de desapegar do que nos trouxe até aqui. De buscar repertório e novas habilidades para atenuar as inseguranças rumo ao porvir.

    Nessa nova etapa em nossa jornada de evolução, a colheita pode ser ainda mais significativa e recompensadora.

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