Como integrar os ODS à estratégia de sustentabilidade

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) representam um conjunto de metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas para enfrentar os desafios mais prementes da atualidade, desde a erradicação da pobreza e da fome até a promoção da igualdade de gênero e a proteção do meio ambiente.
Os ODS são 17 objetivos interconectados que abordam uma ampla gama de questões sociais, econômicas e ambientais. Adotados por todos os Estados-Membros da ONU em 2015 como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, eles fornecem um plano para a paz e a prosperidade, tanto agora quanto no futuro.
Utilizar os ODS combinados à matriz de materialidade – ferramenta fundamental para identificar e priorizar os temas mais relevantes para o negócio e para seus stakeholders – pode tornar a estratégia de sustentabilidade mais robusta. Assim como apoiar a definição de indicadores e metas ambientais, sociais e de governança (ESG) a serem empregados.
A relevância dos ODS reside na sua capacidade de fornecer um quadro de referência comum para abordar os desafios globais de forma colaborativa e integrada. De acordo com Giovana de Souza, professora do Curso de Comunicação para Sustentabilidade e ESG da Aberje, ao integrar os ODS à estratégia de sustentabilidade, as empresas podem “fortalecer sua reputação, atrair talentos, aumentar a eficiência e identificar novas oportunidades de negócios”.
Relações Públicas e Mestre em Direitos Humanos e Democratização, Giovana atua na Apoema – Educação, Direitos Humanos e Sustentabilidade, organização que atua por meio de consultorias e assessorias.
O papel das empresas na Agenda 2030
As empresas desempenham um papel crucial na realização dos ODS, pois detêm o poder de inovar, criar empregos, gerar riqueza e influenciar o comportamento do consumidor. Ao integrar os ODS em suas operações e cadeias de valor, as empresas podem impulsionar um processo sistêmico integrado em direção a um futuro mais sustentável e inclusivo. “As organizações têm se informado, buscado saber mais, mas nem sempre isso se reflete em um compromisso e um alinhamento de metas”, comenta Giovana.
É fundamental que as empresas evitem utilizar os ODS de forma “decorativa”, sem um alinhamento real de metas e compromissos. É preciso ir muito além de inserir os “quadradinhos” de cada objetivo no Relatório de Sustentabilidade e outros materiais de divulgação da empresa e garantir que as iniciativas estejam verdadeiramente alinhadas com os objetivos e metas dos ODS provendo um trabalho que se expande para os territórios onde estão suas unidades, envolvendo as comunidades.
“O processo formativo é muito importante para a empresa. O Relatório de Sustentabilidade serve para a prestação de contas, mas é muito mais um instrumento de gestão de inovação e educativo à medida que ele provoca outras reflexões, outras revisões e aprendizado.”
A importância da Comunicação na promoção dos ODS
A comunicação desempenha um papel fundamental na promoção dos ODS e no engajamento de diferentes públicos com a agenda 2030. Os comunicadores têm o poder de traduzir a linguagem técnica dos ODS em mensagens claras, acessíveis e inspiradoras, que motivem as pessoas a agir e a se tornarem parte da solução.
Giovana destacou a importância da linguagem simples na comunicação de sustentabilidade e dos ODS, mencionando um curso e materiais gratuitos do Governo, com dicas valiosas sobre como escrever de forma clara e objetiva, evitando jargões e termos técnicos que podem dificultar o entendimento.
Desafios e Oportunidades na implementação dos ODS
A implementação dos ODS enfrenta uma série de desafios, como a resistência à mudança e a complexidade das questões envolvidas. No entanto, também oferece inúmeras oportunidades para empresas e comunicadores que desejam causar um impacto positivo e construir um futuro mais sustentável.
É fundamental que as empresas envolvam seus colaboradores, fornecedores e comunidades locais na implementação dos ODS. “Essa responsabilidade das empresas está alinhada à responsabilidade que os governos também precisam nas várias instâncias e na sociedade civil organizada também”, diz Giovana.
O que vem depois dos ODS?
Com a proximidade de 2030, as Nações Unidas já estão trabalhando em documentos para 2050, que irão definir as prioridades e metas para as próximas décadas.
Giovana de Souza ressalta que essa iniciativa demonstra a continuidade do pensamento sistêmico e do compromisso com o desenvolvimento sustentável, que não serão abandonados mesmo após o término da Agenda 2030. E que é urgente buscarmos adequações para um caminho sustentável, pois já estamos em um novo regime climático com impactos para todos, e isso é um ponto comum que não pode ser ignorado.